quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Organização dos blocos afro foi tema de debate na Tenda

Renato Sena falou de sua experiência junto
a blocos afro de Salvador e Ilhéus
O Cineclube Équio Reis e o projeto de debates Improviso, Oxente! estão juntos na programação Novembro Negro, série de atividades alusivas ao mês da Consciência Negra. Na última terça-feira (12), na Tenda Teatro Popular de Ilhéus, foram exibidos vídeos sobre os blocos afro Mini-Kongo e Dilazenze. Em seguida, houve bate-papo com o convidado Renato Sena sobre “A trajetória de resistência do Bloco Afro Olodum”. Para ele, a organização é tudo e, através da unidade, é possível ampliar conquistas.

Renato Sena é soteropolitano e tem relação muito próxima com Ilhéus há décadas, acompanhando a implantação de vários blocos afro. Ele atuou no Olodum durante 22 anos, desde a fundação em 1979, viveu o auge e fases críticas. De acordo com o convidado, o bloco foi criado com muita dificuldade e sem apoio por moradores do Pelourinho, que não tinham acesso aos blocos tradicionais de Salvador. “Com João Jorge assumindo a diretoria, o Olodum se transformou em um grupo cultural, além do bloco carnavalesco”, informou.

Segundo Renato Sena, até hoje as entidades pequenas têm dificuldade para participar do carnaval, pois sofrem com a falta de patrocínio e articulação conjunta, além da dependência do poder público e influência política partidarista. “Blocos menores e perseguidos políticos são colocados em circuitos alternativos ou horários inconvenientes, com a mínima cobertura da imprensa. Isso afasta patrocinadores, já que há menos exposição das marcas”, explicou.

A respeito dos projetos sociais executados pelos blocos afro, Renato Sena destacou a responsabilidade com as crianças a fim de não se perderem talentos. Para ele, é preciso trabalhar a consciência desde cedo para a valorização da arte aprendida, disciplina e profissionalismo. Na ótica do antigo dirigente do Olodum, o sonho de muitos jovens é a fama, algo que nem sempre acontece, causando frustração por não entenderem sua importância para a cultura local. Ou então, quem experimenta o estrelato pode se deslumbrar, não administrar bem os êxitos e acabar perdendo tudo.

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