Na noite do último sábado, dia 1º de
junho, aconteceu na Tenda Teatro Popular de Ilhéus a estreia do novo espetáculo
do grupo, “Baltazar e a terrível peleja entre o Cangaceiro e o Coronel ou às
vezes tem briga que termina em merda”. A montagem é um teatro de mamulengos
inspirado nos mamulengueiros do nordeste do Brasil e no trabalho de Shicó do
Mamulengo, que é bonequeiro, cenarista e ator, recém cegado à equipe do TPI.
Antes da estreia, desde as 18h30, a Tenda
recebeu também algumas atrações especiais agregadas ao evento durante a II Feirinha
Popular de Produtos Regionais, que contou com expositores de artesanato,
cosméticos, moda e gastronomia. O público presenciou as performances dos grupos
“As Drags do Maktub” e “As Madalenas”, e durante toda a noite também aconteceu a
exposição de figurinos produzidos pelas alunas do Curso de Figurinos e Adereços
para Teatro do TPI. O curso foi ministrado na ACEAI por Shicó do Mamulengo utilizando
materiais reciclados para confeccionar figurinos inspirados no próximo espetáculo
do grupo, que estreará no segundo semestre deste ano.
A partir das 20 horas, os atores Tânia
Barbosa, Ely Isidro, Gilberto Morais e Shicó do Mamulengo iniciaram a apresentação
dando voz e vida aos 10 personagens, cuja história se passa em um cenário
físico montado em palitos de picolé e um cenário virtual feito em projeção
mapeada. A trilha sonora é executada ao vivo pelos atores, que além de cantar
também tocam diversos instrumentos sob a direção musical de Antônio Melo. Pensado
como “um espetáculo de mamulengos contra o discurso de ódio”, a montagem tem ainda
cenários e figurinos assinados por Shicó do Mamulengo, além de texto e direção
de Romualdo Lisboa.
A obra conta a história de Baltazar, um
trabalhador muito astuto que descobre por acaso o ataque do Cangaceiro mais
temido do sertão, João Valente, à sua cidade para cobrar vingança do Coronel
João Redondo. O Coronel é pai de Minelvina, por quem Baltazar se desmancha de
amores. Com a ajuda do amigo Benedito, Baltazar, medroso de corpo e alma, vai
pôr em prática suas artimanhas para salvar a vida do Coronel e cair nas graças
de Minelvina e provando que “a violência não é nada diante da inteligência”.
O espetáculo, que tem uma hora de duração,
foi ovacionado pelo público de mais de 100 pessoas. Em agradecimento, o diretor
Romualdo Lisboa subiu ao palco e convidou Renata Dias (diretora-geral da
Funceb), Pawlo Cidade (secretário de Cultura do município) e Mestre Ney (chefe
de Culturas Populares e Identitárias) para um bate-papo sobre a importância das
políticas públicas de fomento cultural, tomando como exemplo o próprio TPI, que
é mantido pelo Programa de Ações Continuadas do Fundo de Cultura do Estado da
Bahia. Renata ainda salientou a qualidade das produções do grupo, parabenizando
a nova montagem e confirmando que o investimento público em cultura sempre
resultará em trabalhos de grande importância para a sociedade.
Por fim, ao final do evento foi lançada ainda
a campanha de arrecadação de recursos para o custeio da participação do Teatro
Popular de Ilhéus no “Sommerwerft Festival am Fluss”, que acontecerá no mês de
julho, em Frankfurt, na Alemanha. O TPI foi convidado para abrir o festival, e
levará o espetáculo “Teodorico Majestade: as últimas horas de um prefeito” para
a ocasião. Representando a cultura nordestina em um dos maiores festivais de
artes do mundo, o grupo ainda apresentará seu novo espetáculo de mamulengos, ministrará
oficinas e participará de vivências de intercâmbio cultural com grupos de todas
as partes do mundo. A campanha de arrecadação visa a compra das passagens para
10 integrantes da companhia, que também levarão figurinos e equipamentos
necessários para as apresentações. A contribuição pode ser feita por qualquer
pessoa através de depósito em conta no Banco do Brasil, agência 3192-5, conta corrente
15598-5, ou ainda via cartão de crédito diretamente na Tenda TPI.
O Teatro Popular de Ilhéus é uma
instituição cultural mantida pelo programa de Ações Continuadas de Instituições
Culturais – uma iniciativa da Secretaria de Cultura da Bahia com recursos do
Fundo de Cultura do Estado da Bahia, mecanismo que custeia, total ou
parcialmente, projetos estritamente culturais de iniciativa de pessoas físicas
ou jurídicas de direito público ou privado. Os projetos financiados pelo Fundo
de Cultura são, preferencialmente, aqueles que apesar da importância do seu
significado, sejam de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a obtenção de
patrocínio junto à iniciativa privada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário