A relação entre a literatura
infantojuvenil regional na escola e no dia a dia foi um dos assuntos abordados
no Encontro com Escritores da última quinta-feira (31). Mediado por Pawlo
Cidade, o bate-papo aconteceu na Tenda Teatro Popular de Ilhéus, reunindo os autores
Neila Brasil, Joilson Maia e Silvia Kimo. A respeito da valorização das obras
regionais no contexto escolar, foram unânimes sobre a colaboração dos professores.
“Às vezes o educador não é um leitor”, declarou Neila Brasil sobre as
dificuldades e preconceito por parte de escolas que, às vezes, preferem livros
de grandes editoras ou escritores famosos sem conhecer trabalhos locais.
Antes
dos debates, cada convidado falou sobre as motivações para sua carreira
literária. Silvia Kimo, que é também e ilustradora, disse que seu amor inicial
foi desenhar. E, depois de criar personagens e cenários inspirados em mangás
japoneses, passou a escrever histórias. Joilson Maia falou que ler é uma paixão
que carrega desde a infância e começou a escrever para crianças a partir das
histórias que contava para o filho na hora de dormir. Neila Brasil, que é
graduada em Letras, passou a escrever as próprias histórias a partir de
pesquisas sobre Monteiro Lobato.
A
respeito do mercado editorial, os três escritores relataram alguns obstáculos para
publicar suas obras em grandes editoras e as limitações das cotas, restritas a
10% da tiragem e a menos de 30% dos lucros. Joilson disse que começou de forma
independente, com a ajuda de patrocinadores nos seus cinco primeiros anos no
segmento literário. Silvia disse que publica quantidades fechadas em pré-vendas.
Para Neila, a internet e as redes sociais são ferramentas que ajudam a divulgar
os trabalhos.
Em relação ao contato com
os pequenos leitores, os autores afirmaram que é uma experiência fantástica. “Sempre
me emociono muito, pois me lembro da minha infância”, relatou Silvia. Para
Neila, a figura do escritor está a serviço da sociedade e até já recebeu um
livro escrito por uma pequena leitora. Joilson falou do carinho que recebe das
crianças e também dos pais. “Pedem autógrafos, somos tratados como celebridades”,
disse.
Além de escreverem, os
autores ainda participam de ações de incentivo à leitura e escrita. Neila
Brasil conta com o projeto “Como se faz um autor”, indo às escolas e
conversando com professores e coordenadores pedagógicos, além de ter um grupo
de teatro infantil. Joilson Maia realiza contação de histórias em instituições
públicas. E Silvia Kimo também visita escolas, realizando palestras e ouvindo
as opiniões dos jovens leitores.
Os
escritores, que declararam amor incondicional à literatura, falaram também sobre
o papel essencial da família ao incentivar ao hábito de ler. Eles ainda
destacaram o desafio de atrair a atenção das crianças e adolescentes tão
ligadas ao audiovisual para os livros. “A leitura é para distrair, ir além do
imaginário”, ressaltou Silvia Kimo.
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